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A dura infância de Thiago Marreta até se tornar lutador do UFC

Doença rara, enchente, violência

Protagonista da noite no UFC São Paulo do próximo sábado, Thiago Marreta teve a primeira luta na vida aos dois anos de idade. O carioca nasceu com uma doença rara, passou por diversos hospitais sem conseguir um diagnóstico, a ponto dos médicos acharem que ele não iria sobreviver.

- Ele já nasceu uma criança doente. A gente rodava por todos os hospitais para descobrir o que ele tinha e ninguém descobria. Foi a pior fase da nossa vida, você ter o seu filho em cima de uma cama com febre, a barriga crescendo sem a gente saber o que era - conta a mãe, Luviete Lima.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Até que a indicação de uma vizinha mudou o rumo da história. Internado em um novo hospital, Thiago acabou sendo alvo de "curiosidade" de uma médica estrangeira, que decidiu tomar conta do caso.

- Eu tinha dois cistos na barriga, parecia de uma mulher grávida, que ia estourar. Ninguém queria colocar a mão, tinham medo de mexer porque não sabiam o que era, que eu pudesse morrer. Até que essa médica apareceu, me viu na maca e se interessou pelo caso. Ela disse: amanhã quero esse menino na sala de cirurgia. Operei no dia seguinte e deu certo - conta ele, que até hoje não sabe precisar o diagnóstico da doença.

- Perdemos tudo dentro de casa, tudo mesmo. Tivemos que passar a noite na lage, rezando para a água não bater e levar a gente, foi desesperador - conta ele.

Foi depois desse episódio que, aos onze anos, ele se mudou com a família para a Cidade de Deus, um dos mais pobres e violentos bairros cariocas. Segundo Marreta, a capoeira, esporte que já praticava desde os oito anos, e a educação dos pais, foram fundamentais para que não seguisse pelo caminho errado.

- O mundo é cruel, quem está de fora vê uma criança com uma arma na mão e fala "sementinha do mal, tem que morrer mesmo". Eu não vejo assim. Eu tive uma educação muito boa dos meus pais, comecei cedo na arte marcial. Vejo como isso mudou minha vida. Fui catador de papel, ajudante de caminhão, guardião de piscina. Fui para o lado do bem. Mas, não é assim com todo mundo, infelizmente. Perdi muitos amigos, muitos presos, muitos mortos... é complicado falar sobre isso- conta ele, que hoje tem um projeto social de lutas para ajudar as crianças da comunidade.

 

Os apelidos

 

"Carcaça", como era conhecido pelos amigos de infância por conta do físico pouco avantajado, trocou de apelido durante algumas fases da vida. Virou "Zangado" para o pessoal da capoeira. Fã dos filmes do "Rambo", resolveu servir o exército em 2003. E foi lá que, em um primeiro momento, virou o "Sem Alma".

- Durante os treinamentos, seja apanhando ou passando fome, a minha expressão sempre era a mesma. Nunca demonstrava fraqueza. O mundo estava caindo e eu estava ali: sem esboçar nenhuma reação. Foi daí que veio o apelido - relembra.

Semblante que muda ao falar do pai, Edi, que morreu no dia de Natal em 2010, quinze dias depois da estreia do lutador no MMA.

- Queria que ele vivesse tudo isso, que ele pudesse assistir a uma luta minha no UFC. Ele sempre quis ter um triciclo com aquele motor de fusca, e hoje em dia eu poderia dar para ele, mas ele não está aqui. Meu pai era motorista de ônibus e caminhão, ele me deu minha primeira habilitação. Disse que não tinha condições de pagar uma faculdade, mas aquela carteira me garantiria para sempre ter um emprego - conta, emocionado.

- Confesso que eu não gostava do apelido, preferia "PQD", mas quando a gente não gosta é que o apelido pega. Hoje em dia eu uso como marketing, tenho até uma marreta tatuada no peito, mas é só um personagem. Quando estou com os amigos peço para me chamarem de Thiago - confessa.

Lição da brigada paraquedista

 

É dos tempos de paraquedista que herdou uma das maiores lições, que leva até hoje para a carreira de lutador. O sentimento de medo do primeiro salto, em 2013, é um aliado nas lutas de MMA.

- Eu sinto medo toda vez que subo no octógono, não tem porque mentir. O medo traz segurança para a gente. Só que você aprende a controlar esse medo. Medo todo mundo tem, só que tem gente que não sabe controlar e deixa isso se transformar em pavor. Desde essa época que eu aprendi a controlar. Mesmo com medo, a gente confia e vai - diz Marreta.

- O céu não é mais o limite, já que sou paraquedista. Sou muito feliz com minha carreira, e juro que, depois dessa luta principal, eu pararia feliz. Sou um menino que saiu da Cidade de Deus e hoje em dia vai fazer uma luta no maior evento de MMA do mundo. Só posso agradecer - conclui Marreta.

Combate transmite o UFC São Paulo ao vivo no próximo sábado, a partir de 19h30 (horário de Brasília). O SporTV 2 e o Combate.comexibem as duas primeiras lutas do card preliminar ao vivo, e o site acompanha o evento em Tempo Real. Na véspera, canais e site transmitem a pesagem cerimonial ao vivo a partir de 17h50. Confira o card completo:

UFC São Paulo
22 de setembro de 2018
CARD PRINCIPAL (23h30, de Brasília):
Peso-meio-pesado: Thiago Marreta x Eryk Anders
Peso-meio-médio: Alex Cowboy x Carlo Pedersoli
Peso-meio-pesado: Rogério Minotouro x Sam Alvey
Peso-galo: Renan Barão x Andre Ewell
Peso-palha: Randa Markos x Marina Rodriguez
CARD PRELIMINAR (19h45, de Brasília):
Peso-leve: Charles do Bronx x Christos Giagos
Peso-leve: Francisco Massaranduba x Evan Dunham
Peso-meio-pesado: Luis Henrique KLB x Ryan Spann
Peso-pesado: Augusto Sakai x Chase Sherman
Peso-meio-médio: Serginho Moraes x Ben Saunders
Peso-mosca: Mayra Sheetara x Gillian Robertson
Peso-médio: Thales Leites x Hector Lombard
Peso-meio-médio: Elizeu Capoeira x Luigi Vendramini
Peso-palha: Lívia Renata Souza x Alex Chambers

Página:

http://www.superfight.com.br/noticia/mma/2018/09/18/a-dura-infancia-de-thiago-marreta-ate-se-tornar-lutador-do-ufc/336.html